domingo, 20 de março de 2011

Professora apresenta projeto inspirado na obra de Maria Bethânia em programa da Rede Globo

18 de março de 2011

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Unir MPB e poesias com o aprendizado de Filosofia e História em sala de aula. Essa é a proposta do projeto “Brasileirinho: Sarau de Poesia e Filosofia no Bosque” que há cerca de seis anos ajuda a resgatar nos jovens o prazer pelos estudos e traz também novas perspectivas de enxergar o mundo.

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Maria Bethânia recebe alunos do projeto em gravadora no Rio

Desenvolvido pela professora Vânia Aparecida Silva Corrêa Pinto com os alunos do ensino médio do Colégio Estadual Vicente Januzzi, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, o projeto é inspirado nas canções de um dos ícones da música brasileira, a cantora Maria Bethânia. Desde 2007, quando conheceu o projeto, Bethânia tem acompanhado o trabalho realizado pela educadora e sempre que pode abre espaço em sua agenda para receber os estudantes e conversar com eles sobre música, cultura e educação.

Neste domingo, o tema ganha visibilidade nacional. As duas defensoras do ensino no país estão entre as convidadas do programa Esquenta!, da Rede Globo, que nesta semana reunirá artistas e educadores para discutir sobre a importância da escola, num clima de alegria, samba e descontração. Juntas, Bethânia e Vânia, aproveitam a oportunidade para falar sobre o papel da música como recurso pedagógico, contar a experiência exitosa do projeto e ressaltar o valor da educação como instrumento de transformação e desenvolvimento do ser humano. Tudo, é claro, ao som da boa música brasileira.

Comandado pela apresentadora Regina Casé, o programa contará também com a participação de uma professora do município de Duque de Caxias, no Rio, que desenvolve um projeto de leitura com os alunos, e de duas representantes de escolas do Piauí que, no último levantamento do MEC, conquistaram notas elevadas no Índice de Desenvolvimento da Educação, o IDEB.

O Esquenta! vai ao ar a partir das 12h30. Vale a pena conferir e saber mais sobre esses exemplos de sucesso!

Entenda como o projeto Brasileirinho começou

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Alunas integrantes do projeto

A história do projeto “Brasileirinho: Sarau de Poesia e Filosofia no Bosque” teve início quando a professora Vânia se deu conta que estava diante de um grande desafio: tornar atrativas as aulas de Filosofia e Historia para um grupo de alunos desmotivados, e provenientes, em sua maioria, da Cidade de Deus, comunidade carioca da zona oeste do Rio na qual a violência e o tráfico de drogas pareciam falar mais alto a esses jovens.

Era preciso encontrar uma forma de resgatar nesses estudantes o prazer pela aprendizagem na escola, possibilitando a eles sentir a força de seus próprios valores. Já tendo notado na turma o profundo desconhecimento da cultura brasileira, mas ao mesmo tempo uma forte influência musical, Vânia apostou na música como estratégia inicial do projeto. “A música ocupa um lugar muito forte na vida do aluno, às vezes até na sala de aula, às escondidas do professor. É como se a adolescência tivesse uma trilha sonora. Por isso, resolvi canalizar esse grande interesse para algo construtivo na aprendizagem”, disse a professora.

Ela conta que o CD Brasileirinho, da cantora Maria Bethânia, foi o ponto de partida para propor as atividades aos alunos. No princípio, a turma estranhou a ideia, afinal, esse era um tipo de música pouco familiar a eles e associá-la ao aprendizado de filosofia e história parecia algo difícil de compreender. Apesar disso, os estudantes aceitaram a empreitada. A partir daí, fizeram leituras compartilhadas das letras, a interpretação dos conteúdos, cantaram, pesquisaram e até sugeriram novas canções.

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Estudantes em atividade realizada no parque

Com a criatividade e o entusiasmo colocados em ação, os grupos aos poucos foram transformando as informações aprendidas em crônicas, poesias, pinturas, desenhos, peças de teatro e danças, culminando, assim, na ideia de realização de um grande sarau num parque da cidade, já que a escola não dispunha de um espaço físico para abrigar o evento.

A apresentação foi um sucesso, Bethânia gravou uma mensagem especial aos alunos e a comunidade prestigiou os trabalhos da turma. “As atividades propiciaram uma aprendizagem prazerosa aos alunos, ajudaram a melhorar a autoestima da classe, criaram um clima de otimismo na escola e ainda tiveram reflexos no aproveitamento escolar, como aumento nas notas bimestrais e melhora nos índices de aprovação dos alunos”, comemora a educadora.

Desde, então, o sarau tornou-se uma prática na escola, conquistando a cada ano a adesão de novos alunos que ingressam nas turmas do ensino médio do Colégio. “Ao todo são mais de 600 alunos participando anualmente.”

O projeto Brasileirinho também conquistou em 2007, o Prêmio Cultura Viva, do Ministério da Cultura, e em 2008, o Prêmio Professores do Brasil, do Ministério da Educação (MEC).

Por Cleide Quinália / Blog Educação

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