quinta-feira, 7 de julho de 2011

AVALIAÇÃO ESCOLAR LIMITES E POSSIBILIDADES

AVALIAÇÃO ESCOLAR
LIMITES E POSSIBILIDADES

CLARILZA PRADO DE SOUZA (1)

UTILIZAR DE ACORDO COM AS ESPECIFICAÇõES.
NÃO OBTENDO OS RESULTADOS ESPERADOS,
APROFUNDAR ESTUDOS NA ÁREA.

Informações Técnicas

PROPRIEDADES
A avaliação escolar, também chamada avaliação do
processo ensino-aprendizagem ou avaliação do
rendimento escolar, tem como dimensão de análise o
desempenho do aluno, do professor e de toda a
situação de ensino que se realiza no contexto escolar.
Sua principal função subsidiar o professor, a equipe
escolar e o próprio sistema no aperfeiçoamento do
ensino. Desde que utilizada com as cautelas previstas
e já descritas em bibliografia especializada, fornece
informações que possibilitam tomar decisões sobre
quais recursos educacionais devem ser organizados
quando se quer tomar o ensino mais efetivo. É,
portanto, uma prática valiosa, reconhecidamente
educativa, quando utilizada com o propósito de
compreender o processo de aprendizagem que o aluno
está percorrendo em um dado curso, no qual o
desempenho do professor e outros recursos devem ser
modificados para favorecer o cumprimento dos
objetivos previstos e assumidos coletivamente na
Escota.
O processo avaliativo parte do pressuposto de que se
defrontar com dificuldades é inerente ao ato de
aprender. Assim, o diagnóstico de dificuldades e
facilidades deve ser compreendido não como um
veredito que irá culpar ou absolver o aluno, mas sim
como uma análise da situação escolar atual do aluno,
em função das condições de ensino que esta sendo
oferecidas. Nestes termos, são questões típicas de
avaliações:
• Que problemas o aluno vem enfrentando?
• Por que não conseguiu alcançar determinados
objetivos?
• Qual o processo de aprendizagem desenvolvido?
• Quais os resultados significativos produzidos pelo
aluno?
A avaliação tem sido utilizada muitas vezes de forma
reducionista, como se avaliar pudesse limitar-se á
aplicação de um instrumento de coleta de
informações. É comum ouvir-se "Vou fazer uma
avaliação", quando se vai aplicar uma prova ou um
teste. Avaliar exige, antes que se defina aonde se quer
chegar, que se estabeleçam os critérios, para, em
seguida, escolherem-se os procedimentos, inclusive
aqueles referentes á coleta de dados.
Além disso, o processo avaliativo não se encerra com
este levantamento de informações, as quais devem ser
comparadas com os critérios e julgadas a partir do
contexto em que foram produzidas. Somente assim
elas poderão subsidiar o processo de tomada de
decisão quanto a que medidas devem ser previstas
para aperfeiçoar o processo de ensino, com vistas a
levar o aluno a superar suas dificuldades.
A avaliação tem sido limitada também pela hipertrofia
que o processo de atribuição de notas ou conceitos
assumiu na administração escolar. Definir através de
nota ou conceito as dificuldades e facilidades do aluno
á apenas um recurso simplificado que identifica a
posição do aluno em uma escala. Usado com
precaução, este recurso não deveria produzir efeitos
colaterais Indesejáveis. Contudo, acreditar, por
exemplo, que uma nota 6 ou um conceito C possa, por
si, explicar o rendimento do aluno e justificar uma
decisão de aprovação ou reprovação, sem que se
analisem o significado desta nota no processo de
ensino, as condições de aprendizagem oferecidas, os
instrumentos e processos de coleta de dados
empregados para obtenção de tal nota ou conceito, a
relevância deste resultado na continuidade da
programação do curso, i reduzir de forma inadequada
o processo avaliativo; é, sobretudo, limitar a
perspective de análise do rendimento do aluno e a
possibilidade do professor em compreender o processo
que coordena em sala de aula.
(1)Professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -
PUC/SP.
89
Reações Adversas e Efeitos Colaterais: Pesquisas
realizadas na área têm demonstrado conseqüências
psicológicas e sociais adversas em função do uso da
avaliação de forma classificatória, punitiva s
autoritária. A avaliação, quando apenas praticada de
modo classificatório, supõe ingenuamente que se
possa realizar esta atividade educativa de forma
neutra, como se não estivessem implícitos a concepção
de Homem que se quer formar s o modelo de
sociedade que sequer construir em qualquer prática
educativa. A classificação cristaliza e estigmatiza um
momento da vida do aluno, sem considerar que ele se
encontra em uma fase de profundas mudanças. É
uma forma unilateral e, portanto, autoritária, que não
considera as condições que foram oferecidas para a
aprendizagem. Pune justamente aqueles alunos que,
por sofrerem uma situação social adversa, necessitam
de que a Escola lhes proporcione meios adequados
que minimizem suas dificuldades de aprendizagem. A
avaliação apenas como instrumento de classificação
tende a descomprometer a equipe escolar com o
processo de tomada de decisão para o aperfeiçoamento
do ensino, que é s função básica da avaliação.
Precauções: A avaliação escolar não deve ser
empregada quando não se tem interesse em
aperfeiçoar o ensino e, conseqüentemente, quando não
se definiu o sentido que sena dado aos resultados da
avaliação.
A avaliação escolar exige também que o professor
tenha claro, antes de sua utilização, o significado que
ele atribui a sua ação educativa.
Contra-Indicações: A avaliação é contra-indicada como
único instrumento para decidir sobre aprovação e
reprovação do aluno. O seu uso somente para definir a
progressão vertical do aluno conduz a reduções e
descompromissos. A decisão de aprovação ou retenção
do aluno exige do coletivo da Escola uma análise das
possibilidades que essa Escola pode oferecer para
garantir um bom ensino.
A avaliação escolar também é contra-indicada para
fazer um diagnóstico sobre a personalidade do aluno,
pois sua abrangência limita-se aos objetivos do ensino
do programa escolar.
A avaliação escolar é contra-indicada para fazer
prognóstico de sucesso na vida. Contudo, o seu mau
emprego pode expulsar o aluno da Escola, causar
danos em seu autoconceito, impedir que ele tenha
acesso a um conhecimento sistematizado e, portanto,
restringir a partir da( suas oportunidades de
participação social.
Indicações: A avaliação escolar é indicada a
professores interessados no aperfeiçoamento
pedagógico de sua atuação na Escola. É fundamental
sua utilização para indicar o alcance ou não dos
objetivos de ensino.
Recomenda-se então sua aplicação não só para
diagnosticar as dificuldades e facilidades do aluno,
como, principalmente, para compreender o processo
de aprendizagem que ela está percorrendo.
Utilizada de forma transparente e participativa,
permite também ao aluno reconhecer suas próprias
necessidades, desenvolver a consciência de sua
situação escolar e orientar seus esforços na direção
dos critérios de exigência da Escola.
Posologia: A avaliação deve ser utilizada com o apoio
de múltiplos instrumentos de coleta de informações,
sempre de acordo com as características do plano de
ensino, isto é, dos objetivos que se está buscando
junto ao aluno. Assim, conforme o tipo de objetivo,
podem ser empregados trabalhos em grupos e
individuais, provas orais e escritas, seminários,
observação de cadernos, realização de exercícios em
classe ou em casa e observação dos alunos em classe.
Não restrinja o levantamento de informações para
realização da avaliação ao final de um bimestre letivo.
Informações descontinuadas e distanciadas umas das
outras podem modificar a sintomatologia do aluno e
do professor quanto a condições de aprendizagem e
ensino. Após a obtenção das informações, analise-as
de acordo com os critérios preestabelecidos, com as
condições de ensino oferecidas, e tome as decisões que
julgar satisfatórias para a melhoria da qualidade da
Educação escolar.

Nenhum comentário: