terça-feira, 13 de setembro de 2011

Concurso de Crônica Projeto Época na Educação

Concurso de Crônica Projeto Época na Educação.
Tema:"O Cotidiano Escolar"
Prazo de ENTREGA 15/09/11
Regulamentos

- A crônica pode ter até duas folhas de 25 linhas cada uma;

- A narrativa deve prender o interesse do leitor e estar NO TEMA:”

O cotidiano da escola”

- O autor deve usar frases curtas e clareza nas idéias e estruturação de frases compreensíveis;

- Deve ter capítulos e/ou parágrafos curtos;

- Deve apresentar uma trama/enredo/tema ou estilo,estilo original

- Se possível,o autor deve usar ironia,humor e graça.

Data de entrega: 15/09/2011(quinta-feira,sem falta)
O CONTO

Já o conto, universalmente admirado, versa sobre os mais variados assuntos, de tal forma que, tecnicamente, os contos são classificados por tipo: "Contos Policiais", "Contos de Fadas", "Ficção", "Contos Infantis", etc.

Conto é a designação que damos à forma narrativa de menor extensão e que se diferencia do romance e da novela não só pelo seu tamanho, mas também por possuir características estruturais próprias.

Possui os mesmos componentes do romance, mas evita análises, complicações do enredo, e o tempo e o espaço são muito bem delimitados. O conto é um só drama, um só conflito, uma única ação. Tudo gira em torno do conflito dramático. A montagem do conto está em volta de uma só idéia, uma imagem ou vida, desprezando-se os acessórios. “O conto é uma narrativa linear, que não se aprofunda no estudo da psicologia das personagens nem nas motivações de suas ações. Ao contrário, procura explicar aquela psicologia e essas motivações pela conduta das próprias personagens” (R. Magalhães Júnior). “O conto é uma narrativa breve; desenrolando um só incidente predominante e um só personagem principal, contém um só assunto cujos detalhes são tão comprimidos e o conjunto do tratamento tão organizado, que produzem uma só impressão”. (J. Berg Esenwein citado por Nádia Battella Gotlib).

Mas será isso mesmo? Ou tais normas são flexíveis? Bernardo Élis, por exemplo, às vezes é muito descritivo; além disso, conta outras histórias dentro do mesmo conto, dividindo-o em mais de um núcleo, usa flashback etc. Outro “pecado” seu é narrar um conto como se fosse um romance (leia-se “O padre e um sujeitinho metido a rabequista” in Veranico de Janeiro). Mesmo “conspirando” contra tais normas, Bernardo Élis não deixa de ser um clássico, muito pelo contrário. “O romance procura representar o mundo como um todo: persegue a espinha dorsal e o conjunto da sociedade. O conto é a representação de uma pequena parte desse conjunto. Mas não de qualquer parte, e sim aquela especial de que se pode tirar algum sentido (alguma lição, se preferir), seja ele positivo ou negativo, não importa.” (“Murmúrios no espelho”, Flávio Aguiar in Contos, Machado de Assis). Parodiando Machado de Assis: o conto é tudo isso, sem ser bem isso.

Exemplos de Contos Ele acordou e foi até o quartinho do fundo, travar sua luta matinal com a tábua de passar. Entrou no box do banheiro, considerou tirar os cabelos que se acumulavam no ralo, desistiu. Saiu do banho acendendo um cigarro, se vestiu e saiu de casa. Lembrou que devia dar apenas uma volta na chave. A fechadura estava quebrada há mais de um mês e emperrava se desse duas voltas. No caminho do ponto de ônibus, passou naquele boteco que se dizia uma padaria. Tomou café e seguiu para o trabalho. Passou a manhã resolvendo um problema nas contas do escritório, que se recusavam a bater com as notas fiscais. Depois do almoço, acompanhou o seu chefe na reunião com a empresa que tentavam conseguir como cliente. No final da tarde, se dedicou à contabilidade de um dos clientes mais antigos. Saiu às 7, foi para o ponto e esperou por quarenta minutos. Chegou em casa já eram mais de 8 da noite. Cansado, esquentou uma lasanha no microondas. Comeu, tomou um banho rápido e adormeceu assistindo TV.

Acordou atrasado e foi passar roupa. Entrou no box, pensou de novo em tirar os cabelos do ralo, mas estava atrasado. Saiu do banho, se vestiu e saiu de casa. Lembrou que devia dar apenas uma volta na chave. No caminho do ponto de ônibus, passou no boteco, engoliu o café e seguiu para o trabalho. De manhã, as contas ainda não batiam. Depois do almoço com o chefe, nova reunião com aquela empresa. No final da tarde, as contas se acumulavam. Saiu às 8, perdeu o ônibus, chegou as 10. Tomou um banho rápido e foi dormir com fome.

Perdeu a hora e correu para o banho. Os cabelos ainda estavam no ralo. Vestiu a roupa sem passar e saiu de casa. Foi direto para o ponto. Seu chefe veio perguntar porque as contas não batiam. Almoçou na mesa de trabalho. Passou a tarde em reuniões. Saiu correndo às 8, pegou o ônibus e chegou em casa às 9. Levou mais de uma hora tentando abrir a porta. Comeu o resto da lasanha e dormiu sem banho.

Acordou, vestiu a roupa e saiu de casa. Uma volta na chave. O chefe estava esperando na sua mesa. Disse que as contas tinham que bater hoje de qualquer jeito. Saiu às 10. Chegou em casa e foi para o banheiro. Os cabelos ainda estavam no box.

Acordou, saiu de casa, uma volta, as contas estavam erradas, almoço na mesa, reunião, o chefe esperando na saída, amanhã é a última chance, chegou às 8, tomou banho, os cabelos ali no ralo e foi dormir.

Acordou, saiu, a volta, as contas, o almoço, a reunião, o chefe, a demissão, chegou, foi ao box, olhou para o ralo e tirou os cabelos que se amontoavam ali.


---FELIZ ANIVERSÁRIO

Nunca se casou e quando percebeu o erro era tarde demais. Sem herdeiros, sem nada para deixar sua marca no mundo, se recusava a morrer. Era rico. Todo o seu tempo era dedicado ao trabalho. E com o dinheiro conseguiu prolongar a sua estadia.

Começou clonando seus órgãos vitais. Coração, pulmões, fígado, rins, crescia os órgãos em um laboratório e quando precisava deles, fazia transplantes sem risco de rejeição. Intestinos, estômago, pâncreas, olhos, a cada ano a tecnologia avançava e ele continuava vivo para assistir. Pele, músculos, cabelo, dentes, caminhava lentamente com seus ossos quebradiços de ancião.

Com dois séculos de idade, começou a crescer um novo corpo, porém acéfalo. Quando transportou seu cérebro para a nova morada, começou a cultivar outro. Manteve o ciclo de trocas. Vinte, trinta, quarenta, vinte, trinta, quarenta, sempre, sem nunca visitar a meia idade.

Apesar de ser a única parte que nunca havia sido trocada, a sua mente não continuava a mesma. Esquecia. Não lembrava mais da sensação de descoberta. O primeiro beijo, a primeira viagem, a primeira festa, vivia revisitando situações familiares sem conseguir se lembrar de porque as eram. Os seus pais, seu nome, a cidade onde nasceu, a cada dez anos que vivia, perdia um que tinha vivido. Logo não sobraria mais nada, nem mesmo o motivo de querer viver assim.
OP professora Fernanda Leite

Nenhum comentário: