quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Crianças negras ainda são preteridas na hora da adoção

Crianças negras ainda são preteridas na hora da adoção


Três anos após a criação do Cadastro Nacional deAdoção, as crianças negras ainda são preteridas por famílias que desejam adotar um filho. A adoção inter-racial continua sendo um tabu: das 26 mil famílias que aguardam na fila da adoção, mais de um terço aceita apenas crianças brancas. Enquanto isso, as crianças negras (pretas e pardas) são mais da metade das que estão aptas para serem adotadas e aguardam por uma família.

adoção

Atualmente há 4,5mil crianças no Brasil esperando serem adotadas

Apesar das campanhas promovidas por entidades e governos sobre a necessidade de se ampliar o perfil da criança procurada, o supervisor da 1ª Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal, Walter Gomes, diz que houve pouco avanço. “O que verificamos no dia a dia é que as família continuam apresentando enorme resistência [à adoção de crianças negras]. A questão da cor ainda continua sendo um obstáculo de difícil desconstrução.”

Hoje no Distrito Federal há 51 crianças negras habilitadas para adoção, todas com mais de 5 anos. Entre as 410 famílias que aguardam na fila, apenas 17 admitem uma criança com esse perfil. Permanece o padrão que busca recém-nascidos de cor branca e sem irmãos. Segundo Gomes, o principal argumento das famílias para rejeitar a adoção de negros é a possibilidade de que eles venham a sofrer preconceito pela diferença da cor da pele.

-Mas esse argumento é de natureza projetiva, ou seja, são famílias que já carregam o preconceito, e esse é um argumento que não se mantém diante de uma análise bem objetiva-, defende Gomes. O tempo de espera na fila da adoção por uma criança com o perfil “clássico” é em média de oito anos. Se os pretendentes aceitaram crianças negras, com irmãos e mais velhas, o prazo pode cair para três meses, informa.

Há cinco anos, a advogada Mirian Andrade Veloso se tornou mãe de Camille, uma menina negra que hoje está com 7 anos. Mirian, que tem 38 anos, cabelos loiros e olhos claros, conta que na rotina das duas a cor da pele é apenas um “detalhe”. Lembra-se apenas de um episódio em que a menina foi questionada por uma pessoa se era mesmo filha de Mirian, em função da diferença física entre as duas.

-Isso [o medo do preconceito] é um problema de quem ainda não adotou e tem essa visão. Não existe problema real nessa questão, o problema está no pré-conceito daquela situação que a gente não viveu. Essas experiências podem existir, mas são muito pouco perto do bônus-, afirma a advogada.

Hoje, Mirian e o marido têm a guarda de outra menina de 13 anos, irmã de Camille, e desistiram da ideia de terem filhos biológicos. “É uma pena as pessoas colocarem restrições para adotar uma criança porque quem fica esperando para escolher está perdendo, deixando de ser feliz.”

Para Walter Gomes, é necessário um trabalho de sensibilização das famílias para que aumente o número de adoções inter-raciais. “O racismo, no nosso dia a dia, é verificado nos comportamentos, nas atitudes. No contexto da adoção não tem como você lutar para que esse preconceito seja dissolvido, se não for por meio da afirmatividade afetiva. No universo do amor, não existe diferença, não existe cor. O amor, quando existe de verdade nas relações, acaba por erradicar tudo que é contrário à cidadania”, ressalta.

sábado, 19 de novembro de 2011

Reunião Pedagógica


Reunião Pedagógica
Dinamizadores:Professora Andreja/Prof Sérgi/ Prof Joceir e Prof Ugo
Assunto:Projeto Político Pedagógico.
Com a participação de Professor e Alunos

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

domingo, 6 de novembro de 2011

Igualdade de tratamento e oportunidades

Vez ou outra os jornais publicam reportagens bastante reveladoras sobre desemprego no Brasil. Um índice se mantém inalterado: a maioria dos desempregados é afro-descencente. Os negros também lideram o ranking quando o assunto é trabalhar sem carteira assinada e em condições precárias. O que explica isso? Vamos espiar os classificados dos mesmos jornais?



Alguns anúncios pedem que o candidato tenha carro próprio, outros exigem nível superior. Há os que solicitam domínio do inglês ou experiência comprovada. Antigamente as pessoas deviam preencher um item importante para concorrer a uma posto de trabalho: a chamada “boa aparência”. Essa exigência foi considerada racista, o que torna a empresa passível de processos. Hoje, muitos empregadores substituíram a ‘boa aparência’ pelo envio de fotografias.



Será que o pedido de fotos dos candidatos é uma atitude inocente ou uma prova de preconceito racial? Para respondem estas questões, fizemos um jogo com pessoas comuns nas ruas. Diante das fotografias de cinco brasileiros em busca de emprego, entre brancos e negros, vamos ver quais foram escolhidas para ocupar as vagas fictícias, por parecerem representar melhor a empresa também sediada na ficção.



Uma moça branca escolheu três brancos e dois negros, alegando que o critério adotado foi “simpatia”. Houve um negro que selecionou, majoritariamente, afro-descendentes: “No mercado de trabalho seria o inverso. Enquanto não quebrarmos essa coisa de ‘o branco sabe mais do que o preto’, nunca vamos chegar a um mundo melhor”, opina. Uma garota loura selecionou três negros entre cinco candidatos. Um rapaz afro-descendente deu visível preferência a pessoas da etnia negra.



Nesta pesquisa informal, o público elegeu mais candidatos negros do que brancos, mas será que esta mesma tendência se repete no cotidiano do mercado de trabalho? “Quem é vítima da discriminação, muitas vezes não toma nem conhecimento de que está sendo discriminado”, rebate o advogado Eloá dos Santos Cruz, ele mesmo alvo de discriminação racial. A experiência da atriz Daniele Ornelas também indica que não.



“Fui fazer um teste para um filme em São Paulo, depois de conversar com a produtora pelo telefone. Ela havia ficado super empolgada com meu currículo, tanto que marcou um encontro. Chegando lá, estou vendo uma pessoa passar de um lado para o outro. Até que ela se aproximou e perguntou se eu estava procurando alguém. Quando me apresentei, a primeira reação foi de espanto: ‘Você é a Daniele? Nossa! Imaginei você tão diferente, não sabia que você era assim’. Assim negra. A gente percebe o preconceito velado”, lamenta a atriz.



O racismo aparece nas relações de trabalho de forma explícita e implícita. E muitas vezes os negros não só são discriminados pelo mercado profissional, mas também vêem caírem sobre seus ombros a culpa por não terem tido as mesmas oportunidades educacionais que os brancos. “A sociedade brasileira construiu ao longo dos séculos uma percepção muito negativa dos povos de origem africana e a escola tem um papel importantíssimo: mudar essa imagem, traduzir de outra forma o que é a história dessa comunidade negra no Brasil”, defende a historiadora Vânia Sant'anna.



Para saber mais



Favela – Alegria e dor na cidade
Jailson de Souza e Silva e Jorge Luiz Barbosa
Senac Rio, 2006


Negros na universidade - Identidade e Trajetórias de Ascensão Social no Rio de Janeiro
Moema De Poli Teixeira
Pallas, 2003



Tirando a máscara: ensaios sobre o racismo no Brasil
Antônio Sérgio Alfredo Guimarães e Lynn Huntley (Org.)
Paz e Terra, 2000



Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil
Iray Carone e Maria Aparecida Silva Bento (Org.)
Vozes, 2003


Desenvolvimento Humano e Relações Raciais
Marcelo Paixão
DP&A, 2003


Lideranças negras
Márcia Contins
Aeroplano e Faperj, 2005


Cor e criminalidade – Estudo e análise da justiça do Rio de Janeiro (1900 – 1930)
Carlos Antônio Costa Ribeiro
Editora UFRJ, 1995


Os melhores discursos de Martin Luther King – Um apelo à consciência
Editado por Clayborne Carson e Kris Shepard
Jorge Zahar Editor, 2001


Miséria da periferia – Desigualdades raciais e pobreza na metrópole do Rio de Janeiro
André Augusto Brandão
Pallas e Ford Fundation, 2005



Racismos e anti-racismos no Brasil – Pluralismo étnico e multiculturalismo
Jacques d´Adesky
Pallas, 2001


A hierarquia das raças – Negros e brancos em Salvador
Jefferson Bacelar
Pallas, 2001


Brasil: Um país de negros?
Jefferson Bacelar e Carlos Caroso (Org.)
Pallas, 1999